A Sacralidade do Encontro: mito pessoal e arteterapia Palestra-Live ministrada no dia 10 de Setembro de 2020 pela UniPaz Goiás.

Por Mônica Valéria Iaromila monica.iaromila@gmail.com

Estar em Presença diante do encontro com o Mito Pessoal é uma ventura que nos torna atentos às sincronicidades contidas na natureza e nos caminhos iniciáticos-espirituais. De certo é caminhar numa ponte, atento e desperto ao que conseguimos captar e compreender do grande mistério da existência. Diz-se que Ramana Maharshi atingiu a iluminação bem jovem, aos 17 anos, através da experiência de observar a morte do corpo físico enquanto permanecia em sua plena consciência. Esta transformação profunda o levou à montanha de Anurachala e nela ele permaneceu durante toda a sua vida. Sua disciplina era a auto inquirição. A pergunta, quem sou eu? era o cerne da prática que ele propunha. De certo que não somos ascetas em uma montanha por toda a nossa vida. Esta era a disciplina deste mestre, mas a pergunta é norteadora de tantas práticas e de tantos tratados. Perguntar “quem é esse que É em mim” é um questionamento mítico porque vibra na humanidade desde sempre, uma pergunta das origens... Hino da Criação – Nassadya – Rig Veda 10.129: Não existia não existência ou existência então. Não existia terra ou céu. O que se movia? Onde? Existia água, nas profundezas insondáveis? Não existia morte ou imortalidade então. Não existia nenhum sinal da noite ou do dia. O que existia respirava, sem ar, através de seu próprio movimento. Não existia nada além disso. No princípio a escuridão estava ocultada pela escuridão. Não existia nenhum sinal que a distinguisse. Tudo era água. Mas a forma viva que estava contida no vazio, esta surgia através do calor. No princípio o desejo veio sobre o Uno. Isto foi a primeira essência da mente. De fato, eruditos procurando com sabedoria em seus corações, encontram a base da existência na não existência. O seu cordão estava estendido através. O que existia abaixo? O que existia acima? Lá estavam os semeadores, lá estavam os poderes. Lá havia um impulso abaixo, lá havia exalação acima. Quem de fato sabe? Quem pode aqui declarar de onde e por meio de que ocorreu a Criação? Os deuses vieram depois da criação do universo; quem poderá, portanto, saber de onde isto surgiu? (As quatro coletâneas dos Vedas datam mais ou menos de 1000 a.C.) Muitos pensadores, com os quais concordo, afirmam que a Espiritualidade não nega a experiência humana. Mas esta própria experiência é vasta como o oceano. Entretanto, há uma união importante aqui: experiência e sagrado. Não há como descrever tal caminho, cada qual precisa colocar seus pés na jornada de autoconhecimento. E ter plena atenção nela. Segundo Anselm Grüm, a espiritualidade dos antigos monges conduz para o mistério do Divino e dos Humano. Nos exorta a mergulhar, quando nos sentimos fortalecidos para isto, na profundidade de nós mesmos e a vivenciar a realidade como um todo. Ora, a experiência e a vivência é algo muito caro às arteterapeutas e aos arteterapeutas. Sabemos, intuímos, reconhecemos e vivenciamos o poder da arte e do criar neste processo de entrega. Neste caso, a espiritualidade é compreendida como uma dimensão de cada ser humano. Sabemos que Jung postulava que precisamos integrar a dimensão espiritual no curso de uma vida. A força deste encontro produz uma transformação de dentro para fora. Dar-se conta da dimensão espiritual da caminhada traria uma nova forma de lidar com a realidade e nos impulsionaria ao encontro com a Inteireza. “Não posso provar a você que Deus existe, mas meu trabalho provou empiricamente que o “padrão de Deus” existe em cada homem, e que esse padrão é a maior energia transformadora de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo. Encontre esse padrão em você mesmo e a vida será transformada”

A individuação seria este processo conduzido para que deixemos nossa Essência à vontade, abrindo mão de processos atávicos e ilusórios. Jung dizia que “o essencial é o opus, ou seja, o trabalho consigo mesmo, sendo este o objetivo de uma existência. A individuação requer foco no eixo interior do ego com o inconsciente; é oferecida a base para se relacionar com o outro (o parceiro, a vida e tudo que existe) numa posição de integridade pessoal. Leonardo Boff traz a temática da Espiritualidade citando o Dalai Lama “é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior”. O espírito, que se deve cultivar, guarda o mistério humano – divino. A partir da transformação pode-se desencadear uma rede de transformações: na comunidade, na sociedade, nas relações com a natureza e com todo o universo. Aquilo que une o caminho ocidental e oriental de espiritualidade, segundo Boff, é a experiência totalizadora compreensiva do Mistério. É a partir do Mistério que encontramos o Todo. Ele se espelha no Universo e penetra no coração de cada coisa. Está em nós, mas nos transborda. E isto que vive em nós é um cerne a partir do qual tudo se liga e religa, permitindo vislumbre da Totalidade, como afirmado por Jung. Há vários nomes para esta força que está em nós, mas nos transborda: Ch´i – Ki – Kundalini – Prana – Mana – Orendé – Manitu – Baraka – Axé – Energia Psíquica - Élan Vital. A pessoa é o recipiente ou o condutor dessa força transpessoal - uma força que pode ser desenvolvida mediante vários tipos de práticas; que pode ser bloqueada (por negligência, por falta de prática ou medo); que pode ser usada para o bem ou para o mal. Embora ela flua através de nós, não a possuímos. Ela surge como fator principal nas artes, na cura, na religião

Um texto inspirador sobre esta temática do encontro com o Sagrado, sobre o encontro com a força transpessoal, está no livro “Mulheres que correm com Lobos” Os quatro Rabinos: Uma noite quatro rabinos receberam a visita de um anjo que os acordou e os levou para a Sétima Abóboda do sétimo Céu. Ali eles contemplaram a sagrada Roda de Ezequiel. Em algum ponto da descida do Pardes, Paraíso, para a Terra, um rabino, depois de ver tanto esplendor, enlouqueceu e passou a perambular espumando de raiva até o final dos seus dias. O segundo rabino teve uma atitude extremamente cínica. ‘Ah, eu só sonhei com a Roda de Ezequiel, só isso. Nada aconteceu de verdade.’ O terceiro rabino falava incessantemente no que havia visto, demonstrando total obsessão. Ele pregava e não parava de falar do projeto da Roda e no que tudo aquilo significava… e dessa forma ele se perdeu e traiu a sua fé. O quarto rabino, que era poeta, pegou um papel e uma flauta, sentou-se junto à janela e começou a compor uma canção atrás da outra elogiando a pomba do anoitecer, sua filha no berço e todas as estrelas do céu. E daí em diante ele passou a viver melhor.” (Estés, Clarissa Pinkola) Sobre este texto magnífico em sua simplicidade, Clarissa continua: “quem viu o que na Sétima Abóboda do Sétimo Céu, não sabemos. Mas sabemos, sim, que o contato com o mundo onde residem as Essências faz com que percebamos algo fora do conhecimento normal dos seres humanos e nos preenche com uma sensação de amplitude e de grandeza. Quanto tocamos Aquela Que Sabe, isso provoca uma reação nossa e nos faz agir a partir da nossa natureza integral mais profunda (...) Jung adverte em seu magnífico ensaio A função transcendente para o fato de algumas pessoas, em busca do Self, exagerarem na estetização da experiência de Deus ou do Self; de algumas pessoas subestimarem essa experiência, de algumas a supervalorizarem e de outras que, não estando preparadas para ela, saem feridas. No entanto, ainda outras descobrirão um jeito de cumprir o que Jung chamou de Obrigação Moral de sobreviver e de exprimir o que foi apreendido na descida ou subida até o Self selvagem. (...) Nossa função é a de mostrar que recebemos este sopro – demonstrá-lo, divulgá-lo, cantá-lo, vivenciar no mundo aqui em cima o que recebemos através de percepções repentinas da história, do corpo, dos sonhos e das viagens de todos os tipos.” De onde vejo é através da criatividade e da Arte que podemos também expressar, divulgar, cantar a vida atenta a este encontro. Não há palavras para expressar por vezes, mas a Arte expressa. Uma entrega misteriosa, a criativa surpresa nos liberta e nos abre para o mundo, permite que algo brote espontaneamente. Se formos transparentes (transparentes à imanência-transcendência da arte, talvez?) se nada escondermos de nós mesmos, o abismo entre a linguagem e o Ser desaparece. É da profundidade de nossa condição de pessoa encarnada que podemos entrar em contato com a Fonte. A câmara do tesouro está no nosso interior. Não fujamos de nós-mesmo e do Si-mesmo. Estejamos em Presença e Sejamos! Como Makota Valdina disse - Valdina de Oliveira Pinto: educadora, líder comunitária e ativista brasileira - “precisamos fazer brilhar o nosso Sol”. Como terapeutas e arteterapeutas estamos humildemente a serviço da Alma, com asseverou James Hillmann, e talvez nosso trabalho seja auxiliar que cada qual reconheça e faça seu sol brilhar da maneira que lhe é própria. Meu trabalho vem sendo, entre outros, este. Há diversos momentos-arte no qual podemos vivenciar a genuína Entrega. Tão necessária nos encontros com o Si-Mesmo, nos processos Iniciáticos e Vivenciais. Em Arteterapia vivemos um processo de entrega ao Ser que É. Nela, com o tempo apreenderemos o quanto a experiência da criação e expressão nos traz descobertas. É um novo mundo que se abre, com toda complexidade e maleabilidade de um momento de criação. Percebe-se, desde o primeiro passar de dedos pelas urdiduras, que este saber possibilita ser criador e criatura. Um “fazer” expressivo que cicatriza, que abre novos caminhos de si, que pode inclusive curar feridas há muito guardadas e impeditivas de crescimento e de reais deslocamentos. A arteterapia conjuga a arte e a arte de ser. A arteterapia se mostra um possibilitar e uma possibilidade constante. Passamos a olhar o brincar e o vivenciar de forma completamente diferenciada e inteiramente singular. A arte é uma oportunidade da pessoa encontrar-se porque nos solicita inteireza. Criatividade pode ser a Força motivadora que nos ajuda a viabilizar nossos mais profundos desejos. (autor desconhecido)

O processo criativo, quando há Entrega, é um caminho espiritual. A essência de trazer a arte para a vida reside em aprender a ouvir a voz interior. Criar é responder à voz interior. O maior desafio é trazer essa percepção poética para a vida diária. Descobrir a voz do coração – é isso que todo artista busca, uma busca para toda vida. Não é a busca de uma visão – porque a visão está em tudo o que nos cerca – mas de aprender a falar com a própria voz. Stephen Nachmanovitch diz que “essa aventura fala de nós, de nosso ser mais profundo, do criador que existe em cada um de nós, da originalidade, que não significa o que todos nós sabemos, mas que é plena e originalmente nós”, e que nos permite viver a vida como Obra de Arte, portanto, uma vida em conexão com a Espiritualidade. Graf Durkheim dizia que “todos nós somos a manifestação de uma força mítica que é o poder de vida... uma sabedoria que vive em nós e representa a força desse poder, dessa energia, fluindo no campo do tempo e do espaço... uma energia transcendente, que vem de uma esfera além do nosso poder de conhecimento”. Novamente, também estamos aqui para deixar que esta energia flua através de nós, quando ela está bloqueada, adoecemos. A forma de evitar o bloqueio é tornar-se transparente ao transcendente. Viver uma vida sob o Mito. O mito te aponta o transcendente além do terreno do fenômeno; aponta para algo indescritível que está além de si mesmo. Joseph Campbell afirmava que “vivenciar o mito é viver em nome da transcendência e fluir com esta energia”. A eternidade, segundo este autor e outros, não tem relação alguma com o tempo. A eternidade é o agora. É a dimensão transcendente do agora a que o mito se refere. Viver a vida como obra de arte diante do Agora. Então a questão vem: como coloco a consciência para dançar com a mente (que a todo tempo me prega peças)? Como posso alcançar sem esforço e sem sacrifício a bem-aventurança? Percebemos o quanto estamos desconectados na contemporaneidade; talvez porque tenhamos perdido a força que reside no contato saudável com as tradições; estamos um pouco sem “modelo”. Esta ventura, encarnada, porém atenta aos chamados do Espírito tem, de certo, os seus desafios. Desde a nossa tenra idade damos respostas aos que nos cercam: pai, mãe, família, comunidade, sociedade. Este é um dos motivos pelos quais nos afastamos de nossa essência. Entretanto, este processo é o que há para nós, precisamos caminhar a nossa jornada até um ponto que nos damos conta que precisamos retornar. Normalmente isso se dá no que Jung chamou de metanóia, passagem do meio para James Hollis; quando nos damos conta que talvez não estejamos vivendo aquilo que viemos viver e que decidimos empreender essa caminhada. Este autor afirma também que se não fizermos esforços dolorosos em direção à consciência, permaneceremos identificados com a ferida. Precisamos empreender o destemor e o amor, numa dança vívida e criativa. Às vezes ficamos sem forças, mas é necessário pedir ajuda e seguir. Neste processo muitas vezes, como Jung postulou, nos damos conta do âmbito espiritual da existência. Que pode ou não ter a ver com o fenômeno religioso institucional.

Será podemos fazer nosso caminho mítico vivendo para a bem-aventurança? Existência – Consciência – Bem-aventurança (que é a sensação profunda de estar presente). Bem-aventurança também é fazer o que deve fazer para ser você mesmo. Campbell acreditava que se pudermos nos ater a isso, já estaremos no limiar da transcendente. Estar no limiar ao transcendente é ter atenção a formosura dos encontros, estar desperto para conseguir olhar, ver, ouvir, sentir as sincronicidades. Campbell discorre sobre o mito pessoal citando Jung em seu processo de descoberta: “Então, da maneira mais natural possível, comprometi-me a conhecer o meu mito e passei a encarar isso como minha maior tarefa.” A pergunta fundamental para começar nesta investigação foi: o que eu mais gostava de fazer na infância quando estava sozinho e podia brincar? A resposta: eu gostava de juntar pedras e construir cidadezinhas com elas. E Foi isso que ele fez. Construiu uma casa e ativou sua imaginação. Cabe perguntar “qual é o mito pelo qual eu estou vivendo”? As imagens mitológicas são aquelas que colocam o consciente em contato com o inconsciente. É importante conhecer e reconhecer de onde vem sua força motriz. “Deve-se descobrir sobre o que nossa consciência quer meditar. Tendo ativado a imaginação, Jung viu todo tipo de fantasia brotar, sonhos de todo tipo; passou a anotá-los e desdobrá-los com associações variadas. Assim ele começou a descoberta de seu mito. Precisamos encontrar o nosso mundo...” O objetivo do processo de individuação não é a perfeição, mas a completude, e mesmo isso está muito além do alcance da maior parte dos mortais (...) dizia Jung. Para estarmos diante desta completude precisamos nos dar conta de todos os corpos, mental, físico, emocional e também o espiritual. Tudo está em gostar da vida e saber vivê-la. Só há um jeito feliz de viver a vida: é ter espírito religioso. Explico melhor: não se trata de ter espírito católico ou budista, trata-se de ter espírito religioso pra com a vida, isto é, viver com religião a vida. Eu sempre gostei muito de viver, de maneira que nenhuma manifestação da vida me é indiferente. Eu tanto aprecio uma boa caminhada a pé até o alto da Lapa como uma tocata de Bach e ponho tanto entusiasmo e carinho no escrever um dístico que vai figurar nas paredes dum bailarico e morrer no lixo depois como um romance a que darei a impassível eternidade da impressão. (Trecho de uma carta de Mário de Andrade para Carlos Drummond de Andrade). Siga a sua bem-aventurança e ela poderá guiá-lo até o mistério transcendente, pois é a fonte da energia da sabedoria transcendente dentro de você. Quando a bem-aventurança estanca, saiba que você bloqueou a fonte e então tente reencontrá-la. Algumas tradições dizem: “sempre podemos retornar ao país de nossa alma”. A bem-aventurança é o guia, que consegue seguir a trilha invisível para você – Você entende seu próprio mito dessa maneira. O caminho para encontrar o seu mito é encontrar o seu entusiasmo, o seu apoio, e saber em que fase da vida você está. O que estamos buscando? Não existe nada mais importante do que essa realização. E, como Jung postulava, “apenas a própria pessoa tem o poder de curar-se”. Você se torna um signo, um sinal e você vai encontrar, viver e se tornar a realização do seu próprio mito pessoal. Realizar aquilo que é o potencial em cada um de nós. Essa busca não é uma viagem egóica, é uma aventura para realizar a sua dádiva(dom) ao mundo: você mesmo. Sempre bom lembrar que somos as Ancestrais e os Ancestrais daqueles que vem depois de nós, realizarmos a nós mesmos é de certo um belo legado.

Muitos livros me inspiram na pesquisa sobre mito pessoal. Eu mesma empreendo este caminho de autoconhecimento desde os 27 anos, quando me perguntei pela primeira vez e de forma contundente o “quem sou eu?”. Trago alguns livros e inspirações. BIBLIOGRAFIA Bachelard, Gaston. A poética do devaneio. SP: Martins Fontes, 2009. Boff, Leonardo. Espiritualidade – um caminho de realização. RJ: Mar de Ideias, 2006. Byington, Carlos Amadeu Botelho. A viagem do Ser em busca da eternidade e do infinito. SP: Edição do Autor, 2013. Dürckheim, Karlfried, Graf. Hara: the vital center of man. Ed: Inner Traditions, 2004. Campbell, Joseph. Mito e Transformação. SP: Ágora, 2008. Campbell, Joseph. Vídeos e outras mídias sobre Mitos e Mitologia. Eliade, Mircea. Mito e Realidade. SP: Editora Perspectiva, 1994. Estés, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. RJ: Rocco, 1994. Grün, Anselm. O céu começa em você. RJ: Vozes, 2014. Hollis, James. A passagem do meio. SP: Paulus, 1995. Jung, C.G. A vida simbólica. RJ: Vozes, 2000. Jung, C.G. Um mito moderno sobre coisas vistas no céu. RJ: Vozes, 2013. Jung, C. G. Aion – estudos sobre o simbolismo do Si-Mesmo. RJ: Vozes. 1988. Nachmanovitch, Stephen. Ser Criativo. SP: Summus, 1993. Osborne, Arthur. Ramana Maharshi e o caminho do Autoconhecimento. SP: Ed. Pensamento, 1973. Ostrower, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. RJ: Vozes, 2008. Sharp, Daryl. Ensaios de sobrevivência. SP: Cultrix, 1988. Sobonfu, Somé. O espírito da intimidade. SP: Odysseus, 2007. Tarnas, Richard. Cosmos e Psyche. EUA: Plume, 2007.