O Sublime Michael Horsham

traduzido por Mônica Valéria Vargas

A capacidade para transcendência; a conexão entre coração e mente; o reconhecimento de um terror delicioso inspirado pelo desconhecido; a união entre um e muitos; a compreensão de nossa insignificância; o reconhecimento do sentimento; a capacidade dos humanos para reconhecer sua humanidade; o momento sublime.

No século XVIII, quando arte era discutida por filósofos como a evidência da habilidade que o homem possui de transcender o usual e despertar as sensibilidades mais elevadas, a noção do sublime foi unida inextricavelmente na mente acadêmica com a compreensão que o homem pode ter da natureza, e a representação mimética de fenômenos naturais. Interpretações sobre vulcões e tornados, sobre os desastres Bíblicos, sobre a história da pintura, debruçaram-se sobre a escala grandiosa do mundo natural; e assim aceitou, porque é inegável, que, em comparação ao poder de um mar revolto ou de um fluxo de lava crepitante, nos somos pó. E como pó que somos, nós podemos ser varridos para longe, apagados bastante facilmente, por um poder maior que nós mesmos.

É o reconhecimento instintivo dessa nossa fragilidade inata como espécie que colore nossa compreensão do sublime. É a conjunção entre a natureza animal de nossa experiência e a nossa capacidade para abstrair a natureza daquela experiência em termos comparativos. Nós podemos conhecer medo, nós podemos conhecer prazer. Derivações mais fracas da palavra irão brincar com as conotações sobre felicidade - mas a palavra felicidade realmente não atinge a compreensão dos efeitos do tipo de apavorante prazer que o sublime pode comunicar.

Experimentar o sublime é verdadeiramente reconhecer que nós estamos vivos e o melhor modo de reconhecer que nós estamos vivos é apreender, mesmo que instintivamente ou subliminarmente, que o oposto daquela condição é o esquecimento. A mente é a receptora dos dados do sentido. A mente é o termo pelo qual o sentido é racionalizado em experiência. A divisão ou conexão corpo-mental é um velho enigma filosófico, muito antigo para ser discutido num texto apenas. Espírito, mente, a qualidade da experiência e o reconhecimento que nós podemos encarar e escapar da ideia do esquecimento são as chaves para o sublime. É como uma equação. A experiência do sublime é diretamente proporcional ao grau do reconhecimento da enormidade do fato de nossa existência. Esta enormidade é, obviamente, na totalidade das coisas, absolutamente insignificante.

Mas dentro dessa insignificância, nós somos capazes de vivenciar coisas de grande importância.