Tendo a mulher selvagem como aliada, como líder, modelo, mestra, passamos a ver, não com dois olhos, mas com a intuição, que dispõe de muitos olhos. Quando afirmamos a intuição, somos, portanto, como a noite estrelada: fitamos o mundo com milhares de olhos. A mulher selvagem carrega consigo elementos para a cura: traz tudo o que a mulher precisa ser e saber. Ela dispõe do remédio para todos os mal...es. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos. Ela é tanto o veículo quanto o destino. (...) Ela é a fonte, a luz, a treva e o amanhecer. Ela é o cheiro de lama boa e a perna traseira da raposa. Os pássaros que nos contam segredos pertencem a ela. Ela é a voz que nos diz, "Por aqui, por aqui" (...) Onde vive a mulher selvagem? no fundo do poço, nas nascentes, no éter do início dos tempos. Ela está na lágrima e no oceano. Está´no câmbio das árvores, que zune à medida que cresce. Ela vem do futuro e do início dos tempos. Vive no passado e é evocada por nós. Vive no presente e tem um lugar à nossa mesa, fica atrás de nós numa fila e segue à nossa frente quando dirigimos na estrada. Ela vive no futuro e volta no tempo para nos encontrar agora.
(Mulheres que correm com os lobos de Clarissa Pinkola Estés)